Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024

Expressar preconceito e ódio não é declarar amor ao Brasil




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São muitos os episódios reveladores do aumento da intolerância em nosso país. Ocorrem em diferentes áreas e com diversos graus de violência. Possuem origens variadas, mas principalmente do extremismo político e religioso. Alguns são espontâneos; outros claramente estimulados por interesses obscurantistas.

Todos esses atentados devem ser firmemente condenados pelos brasileiros que amam a democracia e que desejam que em nosso país haja a convivência pacífica e civilizada de humanos que pensam e vivem de formas díspares, professam distintas religiões etc.

A psicologia social já demonstrou que quando não se repudiam as pequenas transgressões, seus autores se sentem autorizados e até estimulados a repeti-las e amplificá-las. Os criminologistas sabem que ninguém inicia uma vida de crimes com sequestros ou assaltos a agências bancárias; chega-se a esse ponto após uma sucessão de delitos de menor gravidade.

Os nazistas não iniciaram suas atividades enviando milhões de pessoas para os campos de extermínio. Começaram insultando professores nas salas de aula, espancando artistas, queimando livros nas praças e depredando templos. Aqueles que, por conveniência, medo ou indiferença, não ousaram denunciá-los ou combatê-los desde o início foram cúmplices de sua ascensão e de seus crimes.

Uma prolongada e sofrida crise política e econômica, com mais de 13 milhões de desempregados e de 63 milhões de endividados, cria um ambiente propício ao radicalismo estéril, à demagogia messiânica e a pregações golpistas que alvejam os pilares do estado democrático de direito: a imprensa plural, o Judiciário, o Legislativo, as universidades e o pensamento crítico, os direitos humanos etc.

Multiplicar injúrias e fake news não é ter atitude política; é se deixar manipular e ser instrumento de usinas do ódio. Destruir terreiros e locais de cultos não é seguir as lições de amor do evangelho cristão. Impedir a realização de debates em eventos literários não contribui para a compreensão dos problemas nacionais. Demonizar quem pensa de modo diferente não faz ninguém ser melhor, mais honesto, mais forte, bonito ou inteligente.

Humilhar homossexuais não é fortalecer a família. Hostilizar autoridades não é aprimorar as instituições. Vilipendiar artistas não é proteger a cultura. Agredir jornalistas não é exercer a liberdade de expressão. Ofender quem tem opções contrárias não é discutir ideias. Invadir órgãos públicos não é melhorar a qualidade dos serviços.

Depredar patrimônio não é lutar contra injustiças. Expressar preconceito e ódio a outros brasileiros não é declarar amor ao Brasil. Intolerância não é cidadania. Estupidez não é patriotismo. Violência não é democracia.

Luiz Henrique Lima é conselheiro substituto do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso 


Autor:Luiz Henrique Lima


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