Neste mês de setembro foram anunciados os seis ganhadores do Prêmio Nobel de 2024. Dos três segmentos compostos por cientistas (química, física e medicina) dois divulgaram pesquisas envolvendo a IA (Inteligência Artificial), sinalizando a importância que o mundo está dando a essa tecnologia inovadora.
O prêmio de Química foi dado a três cientistas por avanços importantes no estudo e manipulação de proteínas. David Baker, um dos contemplados, conseguiu criar proteínas completamente novas a partir de métodos computacionais. A outra metade do prêmio foi dividida entre Demis Hassabis e John Jumper pelo desenvolvimento de uma Inteligência Artificial capaz de prever com precisão a estrutura de quase todas as proteínas conhecidas.
Como nada entendo de proteínas, não sei bem o que isto quer dizer. Meu interesse aqui é o uso que os cientistas fizeram da IA. Na Física os premiados foram John J. Hopfield e Geoffrey E. Hinton por suas descobertas que possibilitaram o Aprendizado de Máquina, utilizando redes neurais artificiais. De novo, escapa à minha pequena IN (Inteligência Natural) o entendimento dessas pesquisas. Só sei que eles estudaram o funcionamento do cérebro humano e passaram a imitá-lo no computador, gerando a IA.
Outro assunto interessante da premiação foi o estudo do impacto das instituições sociais e econômicas no desenvolvimento dos países. Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson, demonstraram que a prosperidade de uma nação está profundamente ligada às suas instituições — estruturas políticas e econômicas que moldam o crescimento de longo prazo.
Concordo com eles: o que garante o equilíbrio das sociedades não são as pessoas, pois estas são substituíveis e trocadas a cada período. O que realmente conta são as instituições que elas fundam e que o tempo aprimora. Essas organizações são ferramentas que precisam ser eticamente fabricadas e amadurecidas por longo tempo, até que adquiram uma têmpera tal, que não possam mais ser rompidas por eventuais aventureiros.
Os países que “deram certo” são aqueles que durante décadas e séculos valorizaram suas instituições, impedindo que elas fossem atacadas ou desprestigiadas. E tem um detalhe importantíssimo, países podem copiar o sistema tributário de outro mais desenvolvido, reproduzir seu plano econômico, imitar sua proposta educacional, até se inspirar em suas leis, mas não consegue igualá-lo. O que faz uma nação “rica” é a qualidade de suas instituições e elas, definitivamente, não podem ser copiadas.
Não sei se nossas instituições estão suficientemente maduras, por isso sempre vejo com receio os ataques que elas sofrem. Eleitores extremistas (esquerda e direita) garantem que a política é suja, a justiça está colonizada pela corrupção, a imprensa é tendenciosa e funcionário público preguiçoso.
São mentiras que uns contam para os outros, impingindo às organizações os defeitos que são das pessoas. Como entusiasta da IA (embora ainda não a entenda direito) e defensor das instituições, conforta-me a valorização desses assuntos pela Academia Sueca.
Renato de Paiva Pereira é escritor e economista.
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Autor:Renato de Paiva Pereira