Terca-Feira, 16 de Abril de 2024

E se eu morresse amanhã? - Por Océlio de Morais




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Nas suas meditações – recentemente foram reunidas no livro que tem o título “A Arte de Viver – o manual clássico da virtude, da felicidade e da sabedoria” – o filósofo Epicteto costumava dizer que a pessoa não morre, mas retorna ao lugar de onde veio.

Nascido escravo no ano de 55 a.C em Hierápolis, extremo Norte do Império romano antigo, Epicteto, que tornou-se filósofo, provavelmente quis dizer a morte não é uma perda, mas uma passagem da alma do estágio material ao espiritual: “o lugar de onde veio…”, que ele definia como “o paraíso”.

A Bíblia Sagrada, em pelo menos sete partes do Antigo e do Novo Testamento, aborda o tema da morte do corpo, como condição necessária à ressurreição do espírito.

Cá entre nós, ninguém, em plena saúde quer apressar a sua hora final, apesar de que todos teremos nosso dia pós-prólogo ou nosso posfácio.

Todo mundo sabe que a morte é uma condição da natureza humana. Então, pensar sobre a morte (ou o retorno ao lugar de onde vieram os espíritos) deveria ser algo motivador à busca incessante da felicidade.

Às vezes, confesso, me vejo refletindo sobre essa condição da natureza humana: “E se eu morresse amanhã, sem um auto-falante universal que a anunciasse com antecedência razoável". Fico a meditar, qual o legado importante e positivo que eu deixaria para a minha família, para meus amigos, para meus colegas e para a sociedade?

Vou lá no fundo do baú da memória e procuro por boas ações e vejo que pouco fiz e ainda é tempo útil para fazer mais alguma coisa boa e  positiva  Isso me motiva a pensar e a fazer as coisas sem prejudicar ninguém.  É o mínimo que cada pessoa pode e deve fazer.

Considerando que a cada dia a gente morre um pouco – ou como disse o filósofo Epicteto a gente se aproxima do dia do retorno ao lugar de onde viemos – também seria o caso se perguntar 70 x 7: E se Deus renova  a chance de vida, o que eu faria diferente para melhorar e ser mais solidário em todas as situações de vida?

O que eu faria diferente para ser mais justo e compreender melhor as fraquezas da natureza humana?

Essas são questões importantes, à medida que um dia não é uma cópia do outro, o que significa que todo novo dia é uma segunda chance para fazer algo melhor e melhor do que no dia que passou.

Então, como pensar nessas coisas é também um exercício de compreensão da falibilidade humana, penso:

1. que se eu soubesse que iria morrer amanhã, agora bate uma sensação de que não conclui a missão de fazer a Justiça que Deus me incumbiu...

2. …e vem uma vontade imensa de dizer ao mundo, por meio de um super auto-falante universal:

– que precisamos, todos nós, reaprender a arte de sermos mais educados, mais gentis, mais amigáveis, mais afáveis e mais amáveis;

– que sejamos todos mais simples,

– que sejamos todos mais solidários,

– que tenhamos todos mais compaixão com as coisas e com os outros,

– que respeitemos mais as pessoas e as coisas,

– que não sejamos arrogantes nas relações humanas,

– que não retiremos do nosso semelhante a chance de ser feliz,

– que não massacramos o semelhante com o poder que exercemos,

– que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Considerada a variável natureza humana – porque esta se justifica pelas opções de vida que são feitas – esses compromissos podem ser ou não prioridade à ascese espiritual.

Mas será naturalmente encarado quando a prioridade for a identificação da sua essência, ou seja, a descoberta da consciência de si mesmo e de seu papel positivo no mundo.  Então, o homem começará, verdadeiramente, a enxergar e a viver a sua sabedoria.

*OCÉLIO DE JESÚS MORAIS é escritor e PhD em Direitos Humanos com Doutorado em Direito pela PUC/SP


Autor:Océlio de Morais


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