Sábado, 04 de Maio de 2024

Irmão de pistoleiro acusado de participar da morte de sindicalista no Pará é submetido a júri popular




COMPARTILHE

O Tribunal do Júri julga nesta terça-feira (12) a quarta pessoa acusada de participar do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, conhecido por Dezinho. A vítima foi morta em Rondon do Pará, no sudeste do estado, no dia 21 de novembro de 2000. O réu Rogério de Oliveira Dias é submetido a júri popular. Ele nega a participação.

O julgamento começou às 9h, presidido pela juíza Sarah Rodrigues no plenário do Júri do Fórum de Belém. Rogério Dias, de 49 anos, é irmão do pistoleiro Wellington de Jesus da Silva, que está foragido desde 2008, após ter sido condenado em 2006 a 27 anos de prisão por atirar três vezes contra Dezinho na porta da casa onde a vítima morava.

O pistoleiro Wellington tinha 19 anos na época do crime. Ele foi preso em flagrante após cair em um buraco de obras da prefeitura do município. A vítima, no momento em que foi baleada, ainda conseguiu jogar o corpo contra o atirador e os dois caíram no local, facilitando a prisão.

O promotor de justiça Edson Augusto Souza, atuando com advogados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH habilitados na assistência de acusação Marco Apolo Leão, José Batista Afonso e Rogério Silva, sustentam a participação do réu na empreitada criminosa como intermediário do crime. 

Os dois receberiam R$2 mil pela execução. Segundo o Ministério Público do Pará (MPPA), os dois irmãos moravam na Bahia e foram contratados pelo fazendeiro Décio José Barroso Nunes, conhecido como Delsão, para executar o crime.

Dezinho era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará. Ele lutava pela reforma agrária e contra grilagem de terras, além seu envolvimento na disputas de terra com fazendeiros. A esposa de Dezinho, Maria Joel, foi inserida no programa de proteção a testemunhas e vive sob escolta policial, já que sofre constantes ameaças de morte.

Entenda o caso -  O assassinato de Dezinho aconteceu no dia 21 de novembro de 2000, em Rondon do Pará, cidade do sudeste do estado que fica cerca de 500 km de Belém, na divisa com o Maranhão. Segundo o Ministério Público, o fazendeiro Lourival de Souza Costa foi o mandante da morte do líder sindical, enquanto Domício, conhecido como Raul, teria providenciado a arma usada no crime.

As investigações apontaram que a vítima foi morta pelo pistoleiro Wellington de Jesus, condenado a 29 anos em regime fechado em 2006, mas que após ser beneficiado por uma saída temporária, não retornou à prisão. Em novembro de 2013, o fazendeiro Lourival de Souza Costa e o capataz Domício Souza Neto, ex-funcionário de Lourival, foram absolvidos das acusações de envolvimento no assassinato de Dezinho.

Décio Barroso Nunes, o Delsão, também foi apontado como mandante, e foi levado ao Tribunal do Júri. Ele chegou a ser julgado duas vezes. O primeiro julgamento, em 2014, foi anulado. À época do julgamento, o irmão de um capanga de Delsão depôs encapuzado no Fórum Criminal de Belém. O fazendeiro só foi condenado em 2019, a 12 anos de prisão, mas responde em liberdade.

A decisão ocorreu no 2º Tribunal do Júri da Capital, em Belém. O júri considerou que não havia provas concretas da participação dos dois réus no assassinato. O promotor de Justiça Franklin Prado atribuiu à morosidade do processo e a falhas de investigação o resultado do julgamento.

Segundo as investigações da polícia, a morte de Dezinho teria sido motivada pela disputa de terras na região, já que o sindicalista apoiava a ocupação de fazendas improdutivas e terras supostamente griladas. “Era ele quem regularizava as terras, que orientava os trabalhadores, então os fazendeiros viam nele uma ameaça”, diz o promotor de justiça Franklin Prado.


Autor:Redação AMZ Noticias


Comentários:
O Jornal do Carajas não se responsabiliza pelos comentários aqui postados. A equipe reserva-se, desde já, o direito de excluir comentários e textos que julgar ofensivos, difamatórios, caluniosos, preconceituosos ou de alguma forma prejudiciais a terceiros.

Nome:
E-mail:
Mensagem:
 



Copyright - Jornal do Carajas e um meio de comunicacao de propriedade da AMZ Ltda.
Para reproduzir as materias e necessario apenas dar credito a Central AMZ de Noticias